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sábado, 20 de maio de 2017

Tempestade


 24.04.17.    



Tu sempre me foi tempestade, mas eu também sou. Sou tempestade quando penso em ti, porque tudo que tem sobre ti é nuvem. Está sempre sugando água, se enchendo e depois chove e molha tudo. Mas você evapora, você some. Você não está mais aqui. Viro tempestade porque eu sempre quero mais de tu e faço um estardalhaço, porque não me contento com teu pouco.
Não some, não. Fica. Somos tempestade juntos e podemos continuar sendo.
O sol se abre em algum momento, mas a gente fica pairando, esperando o momento certo pra se juntar e existir. Eu existo no momento em que te abraço. Que eu te sinto.
Tu, céu tempestade. Eu, céu tempestade. Somos tempestade, e não precisamos sumir, não. Fica. Molha tudo comigo. Mas não destrói. Eu não vou.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Vovô,

eu não sei como começar a lhe dizer o quanto tá doendo. Eu queria que o senhor estivesse aqui, porque eu sei que é tão importante pra você quanto pra mim, o que consegui agora. O senhor consegue sentir de onde o senhor está? Eu queria seu abraço e lhe ouvir dizer alguma coisa que só o senhor diria. Sei que diria "é isso aí, minha filha!" e me daria um abraço forte. Arriscaria dizer que até choraria, um pouco. Sei também que me diria muitas outras coisas. Conselhos que eu adoraria ouvir neste momento. Lembranças suas e várias outras histórias...
Eu tenho muitos medos, vô. Mas quero enfrenta-los pelo senhor. Por mim também. Mas quero que se orgulhe de mim. De onde estiver.

Eu te amo.

Nós três.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Enfim o nó desamarrou




14.01.2017. 


A gente acabou. E dessa vez foi pra valer. Eu sempre soube que precisava me afastar, mas gostava tanto do que tínhamos, que não tinha coragem. Era você, sabe? E eu sei que ainda vai ser por muito tempo. A gente não estava mais juntos há algum tempo, mas o nosso junto nunca teve o significado que os outros dão. Porque, apesar de não ser como antes, de podermos nos beijar e abraçar, a gente continuava deixando nossos sentimentos enormes e intensos se tocarem, querendo mais do que isso.
Quando acabou, de verdade, eu dizia pra quem me perguntava que éramos muito diferentes. Daí vinham com essa de que não tem como e nem porque sermos iguais. Mas não era só isso, quem me dera. A nossa diferença era tão gritante, que nos últimos dias, eu estava me sentindo pesada. A sua diferença me fazia perceber que eu estava perdendo a mim mesma por deixar continuar. Mas eu sabia, também, que te amava. Eu percebi. Nunca tive coragem de te dizer, de fato, com todas as palavras. Mas eu te disse que achava que meu sentimento por ti era mais do que paixão, e você acabou por me confirmar que era o mesmo pra você. E aí, eu vi que era injusto tudo isso. Eu tenho certeza que você pensa o mesmo.Nos acostumamos de mais um com o outro e acho que isso que pesa, também. A gente continuava a se falar todo dia, e insistíamos em nos fazer lembrar dos nossos melhores momentos e ainda nos dizer pensamentos nunca ditos antes. Sem contar com toda a nossa brincadeira boba. Eu sei que nunca vou entender porque a vida tem dessas coisas. Ela te dá o que você quer, mas te mostra que nem tudo são flores. Mas eu não me arrependo de você. Eu nunca poderia. Porque, apesar de tudo, foi você quem melhorou meu 2016. Foi você a melhor coisa de 2016. E eu vou sentir falta da gente. De você.

Eu sabia que era você, mas não podia.


terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Gratidão





Eu sempre penso em como as coisas são, né? Em como tudo muda quando a gente sente demais por alguém. Eu pensava que já tinha amado antes, mas não é verdade. Eu amei ideias e fantasias. Tanto, que mesmo que eu estivesse gostando de alguém no passado, eu ainda fantasiava. Eu sempre fantasiei demais. Sei que em partes, senão tudo, seria porque eu queria muito viver algo. Viver, simplesmente; e, de repente, isso aconteceu. 
Eu sei que amo, - e não apenas ideias, como antes, e também não excluindo isso - quando penso em ter algo com outra pessoa e nada acende dentro de mim. Eu sei que amo, quando não me dá vontade de fantasiar. Eu sei que amo, quando não sinto mais vontade, ou melhor, não com outra pessoa. E, de certa forma, eu venho me convencendo de que não devo mais ter esse sentimento. Sei que não vou esquecer de um dia pra noite, mas...

E uma coisa que aprendi, é que eu estava vendo tudo com olhos cegados de dor e saudade, me esquecendo de ver as partes boas e sentir gratidão por elas existirem, em vez de apenas lamentar por não poder mais se repetir, ou ter momentos novos. E ainda é estranho pra mim sentir tudo assim. Apesar de sempre saber que, quando eu sinto algo, sempre tem que ser intenso. E eu ainda me assusto como eu torno pequenas coisas em coisas que vou lembrar e guardar pra mim, como algo bom e único. Detalhes bobos que eu adoro. Como a imagem que tenho na cabeça: ele de costas, andando, ou parado. Alto. Lindo. E eu guardo isso pra mim. Como um detalhe que eu realmente aprecio. E eu adoro.



"E essa imagem é tão ilustrativa pra isso tudo: repara que as luzes não se apagam nem no final dessa ponte, até lá na neblina mais densa, elas continuam brilhando e iluminando o caminho. É isso que tu tá fazendo, sabe? Apesar da tempestade fria e da neblina, tu continua brilhando." - Jorge.


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Não era pra ser?



"Quando é pra ser, não tem distância ou desastre que separe."

Essa frase me atingiu. Não só pelo fato de que talvez ela seja verdade, mas também porque talvez, não.
Não era pra ser? Mas como, se foi? Não ficou, não durou, mas foi. Se separou, mas foi. Talvez não fosse pra ser por muito tempo, mas foi enquanto durou. Talvez a vida traga algo que nos borde de uma forma maior e que dure. Mas, ainda assim, me bordou, me manteve, me transformou. Talvez não fosse feito para durar, mas foi enquanto aconteceu. Talvez não fosse feito pra permanecer, mas permaneceu enquanto tinha que permanecer. Talvez o desastre nos afastou, mas esse mesmo desastre nos juntou e nos fez amar. Não era pra ser, mas nós amamos. Não era pra ser, mas foi enquanto vivemos tudo aquilo que nos arrebatou, que nos viciou, que nos acendeu. A distância aconteceu, o desastre apareceu, o que era pra ser, acabou. Mas que não era pra ser? Como, se já foi? 

Era pra ser enquanto existiu. E eu fico grata por isso.




segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Vovô,



onde é que o senhor está? Eu queria saber se o senhor está bem. Se nos olha e se preocupa com nosso bem-estar. Se sorrir a cada vez que lembramos de coisas suas com todo o nosso amor. E se sente-se triste ao nos ouvir chorar. E se tenta nos confortar de alguma forma.
Eu queria poder vê-lo mais uma vez. Na verdade, eu não queria que o senhor tivesse que ter ido embora. Queria ter tido mais anos de vida ao seu lado. Meus 18 anos não foram suficientes. Mas ao menos eu pude ter alguém tão bom e maravilhoso quanto o senhor.
Dói tanto saber que a última vez que eu lhe vi foi dois dias antes de sua partida. Minha irmã me aconselhou a não pensar nisso, mas é meio impossível. Eu me sinto pesada ao pensar que não estava com o senhor nesse dia. E eu queria ter-lhe dito o quanto você foi, e sempre vai ser, um homem incrível. Alguém que eu sempre irei ter como exemplo; e eu lembro de papai, debruçado sobre o seu caixão, chorando, e dizendo: "meu herói! meu exemplo!" e de como eu queria poder tirar a dor que ele estava sentindo e eu também. De todo mundo. Mas, principalmente, dele e de vovó.
Vovó teve tanta sorte de ter tido o senhor. Ela e o senhor eram mais do que amantes: eram, e sempre serão, melhores amigos. A relação mais linda e sólida do mundo. E é assim que vou me lembrar do senhor. Das suas piadas e seu jeito engraçado. O jeito como você tratava vovó e as conversas e risadas dos dois. Sei que ninguém pode imaginar a dor que ela sente ao não ter mais isso todos os dias como costumava ser. Porque, ao acordar, o senhor dizia "bom dia, Dona Léa, como vai a senhora?". E, mais tarde, a pergunta típica, que fazia vovó resmungar: "cadê o boião?". E ela mandava o senhor tomar banho e o senhor ficava rindo, porque ela começava a reclamar de sua teimosia. E era assim o dia todo. Os dois teimosos, nas brigas engraçadas e nos sorrisos, sempre cúmplices. Eu sinto tanta saudade de ouvir os dois conversando de manhã cedo...
Todo mundo saía de casa e ficava o senhor, vovó e eu. E o senhor sempre brincava com isso. Tanto, que o meu apelido virou "nós três". "Êh, nós três!". E em seguida, o seu sorriso audível e maravilhoso. Eu sinto tanta falta de ouvi-lo.
Cadê o som de seus sorrisos e o som de seus passos pela casa? O som de seus resmungos (o tempo todo)?
Tem tanto, tanto, tanto pra falar do senhor. E de como a sua ausência dói em todos nós. De como sua existência acrescentou na vida de muitos (de verdade). De como todo mundo só tinha coisas boas pra falar do senhor, porque sabiam da pessoa imensamente boa, inteligente, incrível que o senhor foi e sempre vai ser pra todos nós.
Eu espero que esteja bem. E que saiba, se de alguma forma puder nos ver e nos ouvir e nos sentir, que sempre iremos te amar e que todo o lugar tem um pouco do senhor e que nada é igual sem sua presença. Mas que vamos ficar bem e que a saudade só aumenta, porque sua presença faz muita falta. E estamos cuidando de vovó e, um dia, todos nós vamos estar juntos de novo, eu espero.
Eu queria que o senhor não precisasse ter ido. Mas eu sei que está melhor agora.
Eu te amo. E sempre vou.
Obrigada por absolutamente tudo.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Sobre as coisas guardadas almejando sair



  "Nós precisamos compartilhar como nos sentimos. Não há razão em deixar tudo guardado."



Você sente vontade de escrever, mas não sabe sobre o que falar. Ao mesmo tempo que quer falar sobre tanta coisa, as palavras se embaralham, e as coisas ficam confusas. Mas isso seria típico de você. Porque tudo na sua vida parece confuso; dentro de você existe uma confusão.
Queria falar sobre como as coisas são. De como a vida tem várias camadas. De como há coisas que te fazem querer escrever, mas parece que não existe palavras certas para descrever aquilo. De como os pensamentos se misturam, se espalham, se mantém aqui ou vão embora. De como tem tanta coisa na cabeça, que não sabe como tirá-las.
Tem a vontade imensa de continuar tentando. De continuar acreditando que as coisas, um dia, podem melhorar.
Sobre ter os momentos que tudo parece poesia; um texto bem escrito. Sobre os momentos que as palavras querem sair de você, mas ao tentar juntá-las, elas somem.
Sobre a dor existente no peito. Sobre os questionamentos. Sobre as pessoas. Sobre o medo. Sobre as vontades, sobre as esperanças. Sobre a vida.
Você sabe que é jovem, sabe que pode ter muita coisa para ver ainda. Mas também sabe que nem sempre a vida é fácil, e que tem momentos reais que nada mais parece fazer sentido; sabe dar valor ao que é importante, e sobre o que é certo. Sabe diferenciar os momentos de imaturidade, com o peso que a vida pode trazer. Os reais questionamentos.
Sobre ter a cabeça lá na frente, sobre pensar demais. Sobre se importar com coisas que, para muitos, não importa. Sobre ter certezas de coisas que os outros não tem. Sobre ter medo de nada mudar, sobre ter medo de algumas mudanças; porque você sabe que coisas mudaram, mas não eram essas mudanças que esperava. E sabe que essas mudanças são inevitáveis, e que não há nada a fazer, senão aceitar. Porque você sabe que a vida é um ensinamento, e que talvez as coisas  não aconteçam por acaso.
Sobre não querer. Sobre querer. Sobre sentir. Sobre o amanhã. Sobre crescer. Sobre verdades. Sobre mentiras. Sobre lutar.
Sobre estar falando coisas que possam não fazer sentido. Sobre apenas querer falar de coisas guardadas. Sobre não querer mais guardar.
Sobre histórias. Sobre querer vivê-las. Sobre ter medo de não poder.
Sobre criar coisas na cabeça.
Sobre...